A dinastia Ming, que decorreu entre 1368 e 1644, ocupa um lugar importante na história da China. Estabelecida após a queda da dinastia Yuan, marcou o regresso ao domínio dos chineses Han e o renascimento da cultura e da governação tradicionais.
Sob a liderança do Imperador Hongwu, a dinastia promulgou reformas radicais e criou marcos emblemáticos como a Cidade Proibida. As expedições marítimas sob o comando do Almirante Zheng He mostraram o poder da China, enquanto o período posterior da dinastia testemunhou uma mudança para o isolacionismo.
Apesar dos seus desafios e da sua queda, o legado da dinastia Ming perdura na arte, na arquitetura e no impacto duradouro que teve na formação da identidade cultural da China.
Factos sobre a Dinastia Ming
1. existiu de 1368 a 1644
A dinastia Ming foi uma dinastia imperial chinesa que se estendeu de 1368 a 1644, estabelecida após a queda da dinastia Yuan e que durou quase três séculos.
O nome da dinastia "Ming" significa "brilhante" ou "radiante" e foi escolhido para simbolizar uma nova era de iluminação e renovação após o domínio mongol anterior.
2. fundada pelo Imperador Zhu Yuanzhang (Imperador Hongwu)
A dinastia Ming foi fundada por Zhu Yuanzhang, que viria a ser conhecido como o imperador Hongwu, que, tendo saído da pobreza, se juntou a um grupo de rebeldes que lutaram contra a dinastia Yuan, liderada pelos mongóis.
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Após a queda da dinastia Yuan, Zhu Yuanzhang subiu ao poder e estabeleceu-se como o primeiro imperador da dinastia Ming, cujo governo foi marcado por uma forte centralização da autoridade, reformas administrativas e um regresso aos valores confucionistas.
3. construiu a famosa Cidade Proibida em Pequim
Uma das realizações arquitectónicas mais emblemáticas da dinastia Ming é a Cidade Proibida, situada no coração de Pequim. A construção da Cidade Proibida começou em 1406 sob as ordens do terceiro imperador Ming, o imperador Yongle.
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O complexo abrange uma vasta área, contendo numerosos salões, pátios e pavilhões adornados com decorações intrincadas e belos jardins imperiais.
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A arquitetura da Cidade Proibida reflecte os princípios tradicionais chineses de equilíbrio, harmonia e disposição hierárquica, o que a torna um excelente exemplo da arquitetura imperial na China, sendo atualmente Património Mundial da UNESCO e um dos marcos culturais mais visitados do mundo.
4. efectuou expedições marítimas para mostrar o seu poder
Durante o início da dinastia Ming, o imperador Yongle iniciou uma série de expedições marítimas lideradas pelo almirante eunuco Zheng He.
Estas expedições, conhecidas como as "Viagens do Tesouro", tinham como objetivo estabelecer o domínio chinês e fomentar os laços diplomáticos no Oceano Índico e não só. A frota de Zheng He era constituída por enormes navios do tesouro, que se encontravam entre os maiores navios de madeira alguma vez construídos, juntamente com numerosas embarcações de apoio.
Estas viagens demonstraram as proezas marítimas da China e o seu desejo de exercer influência sem recorrer à conquista militar. No entanto, as expedições acabaram por ser reduzidas devido à mudança de prioridades, incluindo preocupações com os custos e uma mudança para políticas isolacionistas.
5. reparou e alargou a Grande Muralha
A Grande Muralha da China, que se estende por milhares de quilómetros no norte da China, foi significativamente reparada e ampliada durante a dinastia Ming.
A construção da muralha teve início séculos antes, mas a dinastia Ming empreendeu grandes esforços para reconstruir e fortificar secções para se defender de potenciais invasões de várias tribos e grupos do norte.
A muralha foi construída com uma variedade de materiais, incluindo pedra, tijolo, terra batida e madeira. Torres de vigia, torres de sinalização e fortalezas foram estrategicamente posicionadas ao longo da muralha para permitir a comunicação e a defesa.
As secções da Grande Muralha da era Ming estão entre as partes mais bem preservadas e reconhecíveis desta estrutura monumental.
6) Período de florescimento da literatura e da arte
A dinastia Ming testemunhou um período vibrante de florescimento cultural e artístico. A literatura, a poesia e os escritos históricos experimentaram um renascimento, produzindo obras duradouras como "Viagem ao Ocidente" de Wu Cheng'en e "Romance dos Três Reinos" de Luo Guanzhong.
Os artistas Ming destacaram-se em vários meios, criando porcelanas e cerâmicas requintadas com desenhos intrincados, nomeadamente a famosa porcelana azul e branca. Esta época assistiu também ao desenvolvimento de finos têxteis de seda, belas pinturas e caligrafia refinada.
Pintores Ming como Shen Zhou e Tang Yin deixaram um legado duradouro, influenciando tradições artísticas posteriores. A cultura Ming, marcada pelo seu requinte e sofisticação, continua a inspirar a arte e o design contemporâneos.
7. derrubou a anterior dinastia Yuan
O estabelecimento da Dinastia Ming marcou uma rutura significativa com a anterior Dinastia Yuan, que era governada pelos mongóis. À queda da Dinastia Yuan seguiu-se um período de convulsão, com várias facções a disputar o controlo.
Zhu Yuanzhang, o eventual fundador da Dinastia Ming e Imperador Hongwu, emergiu como líder da Rebelião dos Turbantes Vermelhos contra os governantes Yuan. O seu sucesso marcou a rejeição do domínio mongol e o regresso à liderança dos chineses Han.
A dinastia Ming desmantelou muitas políticas e instituições da era Yuan, dando ênfase ao renascimento da cultura tradicional chinesa, à governação e aos valores confucionistas.
8. caiu nas mãos das forças Manchu em 1644
A dinastia Ming enfrentou desafios internos durante toda a sua existência, incluindo corrupção, dificuldades económicas e agitação social. Em meados do século XVII, estas questões convergiram com pressões externas, levando à queda da dinastia.
O imperador Chongzhen, o último governante Ming, esforçou-se por resolver estes problemas e por se defender contra o avanço das forças manchus. Em 1644, os manchus romperam a Grande Muralha e capturaram Pequim.
Diz-se que o Imperador Chongzhen se suicidou perante a derrota, marcando o fim da Dinastia Ming e o início da Dinastia Qing, estabelecida pelos Manchus.
9. adoptou posteriormente políticas isolacionistas
Enquanto o início da dinastia Ming se envolveu em impressionantes expedições marítimas sob o comando de Zheng He, o período posterior assistiu a uma mudança para políticas isolacionistas.
Esta mudança foi influenciada por vários factores, incluindo os custos das expedições marítimas, a preocupação com a manutenção da estabilidade interna e a convicção de que a autossuficiência da China negava a necessidade de interacções com o estrangeiro.
Os governantes que se seguiram impuseram restrições rigorosas ao comércio e aos contactos com o estrangeiro, o que levou a uma redução do envolvimento internacional e ao declínio da influência da China no estrangeiro. Esta posição isolacionista continuaria a ser uma caraterística marcante da política chinesa até às Guerras do Ópio, no século XIX.
10. deixou um impacto duradouro na cultura e na arte chinesas
O legado da dinastia Ming está profundamente enraizado na cultura e na história chinesas. As suas realizações arquitectónicas, como a Cidade Proibida e a Grande Muralha, são símbolos duradouros do património chinês.
A ênfase da dinastia nos valores confucionistas e nas reformas administrativas deixou um impacto duradouro na governação e na educação na China. A arte, a literatura e os avanços tecnológicos da era Ming continuam a ser venerados e estudados, contribuindo para a rica tapeçaria da civilização chinesa.
A queda da dinastia Ming e a subsequente ascensão da dinastia Qing também prepararam o terreno para importantes transições e mudanças na sociedade, na política e nas relações externas chinesas, que iriam moldar a trajetória da nação nos séculos seguintes.